“Diálogos com Bauman: pensando a
construção das adolescências na contemporaneidade” foi um seminário em grupo proposto
pela Professora Joice e pelo professor Márcio no qual deveríamos ler uma carta
do livro e depois apresentá-las aos demais colegas. Ao nosso grupo, coube a
carta de n 5, intitulada: Como fazem os pássaros. Nesse texto, Bauman nos
apresenta seu olhar sobre o website twitter,
criado em 2006 por Jack Dorsey.
Segundo o autor, a web faz com que
percamos a vergonha e a falta de jeito para relatar os fatos, transformando
isso numa virtude. Somos levados a expor nossa vida, nossa intimidade em troca
de uma fama repentina, do querer ser visto, ser notado. O importante é que os
outros saibam o que estamos fazendo, e não porque estamos fazendo, ou o que
pensamos a respeito daquilo que fazemos. Além de perdemos nossa intimidade,
perdemos também a durabilidade e a profundidade das relações e dos laços
humanos.
Obviamente tudo tem suas perdas e seus
ganhos, mas segundo o autor, as perdas “tendem a ser desproporcionalmente
maiores, mais profundos e insidiosos que os eventuais e raros benefícios.”
(Bauman, 2011, p. 28). Os padrões de exposição são ditados pelas celebridades,
que são medidos pelo que elas fazem, e não pelo que são. E essa vontade de ter,
que em muito supera o ser, transforma-se na ilusão de querer, cada vez mais,
ser seguido nessa rede social. Ou
seja, quanto mais mensagens eu mando, e quanto mais mensagens me mandam, mais
popular e mais célebre eu me torno.
O autor conclui seu texto afirmando que
o twitter é para nós, “pessoas
comuns”, como uma réplica daquilo que admiramos e queremos ser, porém de forma
mais popular, atenuando assim “as crises de humilhação causada pela falta de
acesso às lojas exclusivas.” (Bauman, 2011, p.30).
Fonte: BAUMAN, Zygmunt. 44 cartas do
mundo líquido moderno, tradução Vera Pereira. Rio de
Janeiro: Zahar, 2011. Págs. 26 a 30.
ISBN 978-85-378-0681-4
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